No Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, comemorado em 11 de outubro, o Brasil reforça a importância da conscientização sobre essa doença crônica que afeta milhões de pessoas. Diante da complexidade da obesidade e das dificuldades de manter hábitos saudáveis a longo prazo, muitos pacientes podem se beneficiar de intervenções médicas, como a cirurgia bariátrica. Entre 2020 e 2024, o Brasil realizou 291.731 procedimentos, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
De acordo com o Dr. Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), “quando bem indicada e realizada com acompanhamento adequado, a cirurgia bariátrica pode ser um divisor de águas na vida de muitos pacientes”. O especialista destaca, no entanto, que o procedimento ainda é cercado por mitos que geram medo e desinformação, levando algumas pessoas a hesitar ou a formar opiniões equivocadas.
As projeções para a obesidade são preocupantes. Dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025 mostram que, se as tendências atuais continuarem, quase 3 bilhões de adultos – metade da população mundial – terão sobrepeso ou obesidade até 2030. No Brasil, estudos da Fundação Oswaldo Cruz estimam que 48% da população adulta será obesa até 2044, com mais 27% em sobrepeso.
Para esclarecer o assunto, o Dr. Nacif reuniu cinco dos principais mitos sobre a bariátrica. Confira:
A cirurgia bariátrica resolve o problema da obesidade de forma definitiva – mito
A cirurgia é bastante eficaz para a perda de peso, mas o sucesso a longo prazo depende do comprometimento do paciente com mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e exercício físico. Caso esses hábitos não sejam mantidos, o peso pode ser recuperado. “A principal mudança deve ocorrer na mentalidade, é ela quem irá seguir com o paciente para que o resultado da bariátrica seja duradouro. Sem esse compromisso, há o risco sim de reganho de peso”.
A cirurgia bariátrica é perigosa e só deve ser realizada em casos extremos – mito
A cirurgia bariátrica, quando realizada por um profissional qualificado e com a devida preparação, é segura e tem altos índices de sucesso. Ela é indicada para pacientes com obesidade grave ou comorbidades associadas à obesidade, não sendo restrita apenas a casos “extremos”.
Quem faz bariátrica não pode engravidar no futuro – mito
A cirurgia bariátrica não impede a gravidez. No entanto, “é recomendado aguardar pelo menos 12 meses após o procedimento antes de engravidar, para que o corpo se estabilize e a paciente atinja um peso saudável”. Com acompanhamento médico adequado e uma alimentação balanceada, é possível ter uma gestação segura e saudável após a bariátrica.
Após a cirurgia bariátrica, não é necessário praticar exercícios físicos – mito
A prática de atividades físicas é essencial para o ganho de massa magra após a cirurgia. “O exercício ajuda a evitar a perda excessiva de músculo, acelera o metabolismo e melhora a composição corporal. Além disso, contribui para a manutenção do peso a longo prazo e para a saúde geral do paciente”.
Depois da bariátrica, a pele volta ao normal sozinha, sem necessidade de cirurgia – mito
Após uma grande perda de peso, é comum haver flacidez, sobretudo, em áreas como abdômen, braços e coxas. “Embora exercícios físicos e uma boa alimentação ajudem a melhorar a tonicidade muscular, em muitos casos, a remoção do excesso de pele exige cirurgia plástica reparadora para alcançar melhores resultados estéticos e funcionais”, esclarece o especialista.
O Dr. Lucas Nacif reforça que cada paciente deve ser analisado individualmente para que o tipo de cirurgia seja escolhido corretamente e o tratamento seja personalizado. “A cirurgia é parte de um tratamento abrangente, que inclui mudanças no estilo de vida, acompanhamento psicológico, nutricional, endocrinológico e atividade física. É um compromisso contínuo com a saúde”, conclui.
