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O Opportunity vendeu 136 milhões de ações da Ambipar, reduzindo a participação de Tércio Borlenghi Júnior de 67,7% para 59,5%. Borlenghi acusa a gestora de agir ilegalmente, sem sua autorização e em descumprimento de medida cautelar do TJ-R.
O Bradesco, maior credor da Ambipar, também vendeu ações. O Opportunity afirma que as ações pertencem ao fundo Everest FIP, não sendo garantia de empréstimos.
A Ambipar enfrenta questionamentos sobre sua real situação financeira após pedir recuperação judicial, apesar de ter informado caixa de R$ 4,7 bilhões no 2º trimestre. Documentos financeiros seguem sob sigilo.
* Resumo gerado por inteligência artificial e revisado pelos jornalistas do NeoFeed
O Opportunity voltou a vender ações da Ambipar que seriam do controlador Tércio Borlenghi Júnior, que vê sua participação na companhia diminuir no momento em que se prepara para negociar com credores, após o pedido de recuperação judicial.
Em carta à Ambipar, divulgada pela companhia na noite de quarta-feira, 22 de outubro, Borlenghi afirma que o Opportunity agiu “de forma irregular, excutindo ilegalmente ações” de sua propriedade, por meio do Everest FIP, veículo que detém 23,8% do capital social da companhia.
Segundo ele, a gestora teria vendido, nos últimos dias, 136 milhões de ações da Ambipar. Com isso, sua participação direta e indireta no capital social total e votante da empresa caiu de 67,7% para 59,5%.
Na pessoa física, Borlenghi detém cerca de 48,3% do capital social da Ambipar, de acordo com o mais recente formulário de referência, enviado à CVM há três dias.
A movimentação do Opportunity foi divulgada pela primeira vez pela Ambipar em 10 de outubro, quando informou que a gestora vendeu 24,5 milhões de ações entre 2 e 6 de outubro.
O Bradesco teria feito movimento semelhante, alienando 15,9 milhões de ações entre o fim de setembro e 6 de outubro. O banco é um dos maiores credores da Ambipar, com R$ 165 milhões a receber, conforme demonstrado no pedido de recuperação judicial.
Na ocasião, Borlenghi afirmou que os movimentos foram feitos sem sua autorização e em “descumprimento à medida cautelar deferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro”. A argumentação é de que o pedido, que impediu a execução de dívidas da companhia pelos credores, também se estende ao empresário.
Esse primeiro movimento, segundo Borlenghi, resultou “em perda estimada de valor de mercado de aproximadamente R$ 20 bilhões”. No ano, as ações da Ambipar acumulam queda de 96,5%, reduzindo o valor de mercado para R$ 701,6 milhões.
Em nota divulgada na ocasião, o Opportunity afirmou que é cotista do fundo, e não credor, e que as ações são de titularidade exclusiva do fundo, não constituindo garantia “de qualquer espécie”, em meio a especulações de que seriam garantias de empréstimos feitos a Borlenghi.
As execuções vêm ocorrendo em meio aos questionamentos dos investidores sobre a saúde financeira da Ambipar, que protocolou o pedido de recuperação judicial na noite de segunda-feira, 20 de outubro, alegando que irregularidades com operações de swap colocaram sua situação financeira em risco.
Mas credores e investidores questionam o cenário, considerando que a companhia havia informado uma posição financeira confortável, com caixa de R$ 4,7 bilhões no segundo trimestre.
O pedido de recuperação judicial não dissipou as dúvidas, ao colocar sob sigilo os extratos bancários, aplicações financeiras e o relatório gerencial do fluxo de caixa e projeções para os próximos dois anos.
Procurados pelo NeoFeed, a Ambipar e o Opportunity não retornaram os pedidos por comentários.
Fonte: NeoFeed