Enquanto o furacão Melissa avançava para norte da Jamaica, na quarta-feira, o chefe da equipa da ONU disse que as avaliações preliminares dos danos da tempestade de categoria 5 mostraram um nível de devastação “nunca antes visto” na ilha das Caraíbas.
O coordenador residente da ONU, Dennis Zulu, enfatizou que a ONU continua estreitamente envolvida com os governos de toda a região, com as agências locais da ONU e com a Agência Caribenha de Gestão de Emergências em Desastres (CDEMA), observando a “tremenda e sem precedentes destruição de infraestrutura” em toda a Jamaica, onde Melissa atingiu a costa na terça-feira.
Olhando para os meses de esforço de reconstrução e recuperação que se avizinham, ele disse aos correspondentes em Nova Iorque, através de videoconferência, que seriam necessários “muitos recursos” para reconstruir e colocar de novo a próspera economia.
“Não creio que haja uma única alma nesta ilha que não tenha sido afetada pelo furacão Melissa”, destacou o coordenador residente.
‘Terrível tragédia’
O Diretor do Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM) para o Escritório Multinacional do Caribe, Brian Bogart, disse ao UN News da capital, Kingston: “Esta é uma tragédia terrível e há um verdadeiro sentido de urgência aqui no terreno. O que estamos realmente focados agora é tentar obter apoio alimentar e logístico para permitir que toda a comunidade humanitária responda em coordenação com o governo”.
Bogart disse que o foco principal da agência é entregar 2.000 caixas de alimentos de emergência que estão prontas para serem transportadas de avião de Barbados assim que o aeroporto reabrir, o que seria suficiente para sustentar 6.000 pessoas por uma semana.
Sendo a agência logística líder, o PAM também está a carregar um navio em Barbados a partir do Centro Logístico que funciona ao lado do CDEMA, com produtos essenciais – como kits de higiene, abrigos, geradores – e outros itens de agências e parceiros da ONU para apoiar o esforço humanitário na Jamaica.
Furacão avança
Na manhã de quarta-feira, o furacão Melissa atingiu Cuba, trazendo ventos de 190 km/h, chuvas fortes e um alerta de tempestades “com risco de vida”, de acordo com reportagens da imprensa. Deve seguir para as Bahamas, seguidas pelas Bermudas.
A tempestade enfraqueceu para categoria 2 atingindo Cuba, mas o Centro Nacional de Furacões (NHC) disse que Melissa “continuará sendo um furacão poderoso quando atravessar as Bahamas ainda hoje”.
A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, disse que a tempestade lenta foi “mais uma demonstração da ciência climática e da razão pela qual devemos lutar por um mundo a 1,5 graus Celsius”.
Dados do gabinete de coordenação de ajuda da ONU (OCHA) mostram que Melissa está entre as tempestades mais intensas que atingiram Cuba nas últimas décadas, com ventos máximos sustentados perto de 222 km/h (138 mph) e totais de precipitação de dois dias que se aproximam dos 145 milímetros.
Na quarta-feira, a ONU atribuiu 4 milhões de dólares cada ao Haiti e a Cuba do seu Fundo Central de Emergência para ajudar as comunidades a prepararem-se para a tempestade e reduzirem o seu impacto.
De acordo com as notícias, pelo menos 20 haitianos – incluindo 10 crianças – morreram devido às inundações do rio enquanto o Melissa atravessava a região.
ONU trabalhando “de mãos dadas” com as autoridades
Transmitindo as suas mais sinceras condolências às famílias daqueles que perderam a vida, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, reiterou a sua solidariedade para com os governos e comunidades afectadas pelo furacão.
“Guiada por Coordenadores Residentes no terreno, a ONU está a trabalhar lado a lado com as autoridades e parceiros humanitários para avaliar as necessidades, ajudar as pessoas afectadas e preparar-se em áreas que ainda podem enfrentar o impacto da tempestade”, disse ele.
A presidente da Assembleia Geral da ONU, Annalena Baerbock, tuitou que para os pequenos Estados insulares em desenvolvimento “a crise climática é uma realidade vivida, e o custo da inação é medido em vidas e meios de subsistência. A adaptação não é opcional, é a sobrevivência. A solidariedade deve tornar-se uma ação climática sustentada e ampliada”.
Fonte: VEJA Economia
